Faça com que cada nova funcionalidade prove o seu valor

Um dos tópicos mais polêmicos do livro Getting Real é o “Comece com Não”. Certa vez eu fiz alguns comentários sobre este ponto e ficou claro que algumas pessoas simplesmente não concordam com ele.
Acredito que o grande vilão neste caso são as consultorias e empresas de software que desde que sejam pagos aceitam criar qualquer tipo de funcionalidade solicitada pelo cliente, mesmo as mais ridículas delas. E isto de forma indireta acaba nos influenciando, mesmo quando estamos construindo nossa própria empresa.
Não me entendam mal, consultorias foram criadas exatamente para isso e este é o negócio delas. Quando uma empresa contrata uma consultoria para desenvolver seu software, normalmente é isso o que ela espera, gerar uma lista de demandas e ser atendida. (Hoje podemos encontrar algumas consultorias com filosofias um pouco diferentes, mas estou falando da maioria)
O que não podemos esquecer, entretanto, é que o livro Getting Real não trata desde ramos especifico de atividades, mas sim da criação do seu próprio produto. É neste momento que o dizer “Não” se torna indispensável.
Toda vez que uma nova funcionalidade é adicionada ao seu sistema, é como se você estivesse adotando um filho, você terá de lidar com ela para o resto da vida do seu software. Tente remover uma funcionalidade já existente e veja a reação de seus clientes. A idéia por trás do “comece com não” é provar o valor de uma nova funcionalidade antes de implementá-la.
Lembra-se do filme Clube da Luta? Para que um novo membro fosse aceito, ele deveria ficar esperando por três dias na porta, era assim que ele provava que merecia entrar para o clube. Faça o mesmo com as novas funcionalidades, deixe-as na geladeira por três dias antes de implantá-las. Faça com que elas provem que são realmente importantes, não saia implementando cada nova idéia ou sugestão de seus clientes.

Mas existe um problema nesta abordagem. Se você adotar a idéia de sempre começar com “não”, seu software, na maioria dos casos, terá menos funcionalidades que seus possíveis concorrentes (caso eles existam). E aquelas famosas listas comparativas são inevitáveis, colocando cada uma das funcionalidades que eles possuem e vocês não.
Mas não se intimide. Simplicidade é uma palavra muito forte hoje em dia, acredite. Se não fosse assim, o iPhone e o Basecamp não seriam o sucesso que são. Comparados com a concorrência, ambos oferecem menos funcionalidades, mas quando adquirimos qualquer um deles, é exatamente isto que estamos procurando. Priorizamos a simplicidade e a qualidade acima de tudo.

Ter mais funcionalidades não significa ter um produto melhor. Uma forma de convencer seus clientes disso é deixá-los testar seu produto de graça durante um periodo de tempo. Na minha opinião isto é uma parte importante da estratégia para este tipo de empreendimento.

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